O título do
livro dos Salmos na Bíblia Hebraica é “Tehillim”,
que significa “louvores” ou “cântico de louvor”, ás vezes também é
chamado de “Sepher Tehillim”, que significa “Livro de louvores”. A tradução
grega do Antigo Testamento (a Septuaginta) empregou o termo Psalmoi ou Psalterion que quer dizer: “um cântico entoado com o acompanhamento
de um instrumento de cordas”. A Vulgata (tradução da Bíblia dos idiomas
originais hebraico e grego para o latim feita por Jerônimo) seguiu a
Septuaginta e chamou o livro de Psalmorum
, do latim Psalterium, “um
instrumento de cordas”.
O Senhor
Jesus Cristo e Seus apóstolos possuíam grande estima por esse livro. No Novo
Testamento encontramos mais de quatrocentas alusões ou citações dos Salmos.
Jesus usava os Salmos em Seus ensinamentos ao povo. No Sermão do Monte, Jesus
Cristo declarou que os mansos herdariam a terra (Mt 5.5 comp. Sl 37.11). Ao
falar por parábolas (Mt 13.55), Cristo fez alusão direta ao Salmo 78.2. No
início de seu ministério, quando Cristo demonstrou todo o seu zelo pela casa de
Deus, os Seus discípulos se lembraram do Salmo (69.9; Jo 2.17). Ao referir-se
ao traidor, o nosso Senhor o fez com as palavras do Salmo (41.9; Jo 13.18).
Quando o Senhor estava naquela horrenda cruz em profunda dor, as palavras que
brotaram de Seus santos lábios foram as do Salmo 22.1; Mt 27.46; e Suas últimas
palavras: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”. Eram do Salmo 31.5.
Quando a
jovem igreja de Jerusalém teve de escolher um novo apóstolo, eles lembraram-se
dos Salmos (Comp. At 1.15ss; Sl 69.25; 109.8). A igreja primitiva usou os
Salmos como fundamento para sua pregação (At 2.31 comp. Sl 16.10) e como fonte
de estímulo e encorajamento em tempos de perseguição (At. 4.23-31; Sl 2).
O cântico dos
Salmos fazia parte do culto da igreja primitiva ( 1Co 14.26; Ef 5.19; Cl 3.16).
Tertuliano, que viveu no segundo século depois de Cristo, escreveu que os
cristãos cantavam os Salmos como antífonas. Crisóstomo e Agostinho também
mencionam o uso dos Salmos nos cultos cristãos.
Nos dias da
Reforma Protestante, principalmente em Genebra com a liderança de João Calvino,
os Salmos eram trabalhados de forma a terem uma cadência métrica e serviam como
texto para todos os cânticos da congregação. O princípio regulador baseado em Sola Scriptura
reinava naquele lugar, sendo assim, somente a Palavra de Deus era cantada na
catedral de Saint Pierre.
Esse livro
foi à primeira porção da Bíblia Hebraica a ser impressa, depois do
descobrimento da imprensa. Quando o concílio de Tolossa em 1229 proibiu a
leitura da Bíblia por parte dos leigos, fez uma exceção especial em relação ao
livro dos Salmos. Por milhares de anos o livro dos Salmos tem sido uma
verdadeira fonte de alegria, consolo e encorajamento para os filhos de Deus.
Na “escola
dos Salmos” aprendemos a suplicar a justiça de Deus quando somos perseguidos
(Sl 35); os Salmos respondem a importante pergunta: Quem irá morar com Deus?
(Sl 15 e 24). Os Salmos nos falam da criação (Sl 8) do dilúvio (Sl 29), dos patriarcas
(Sl 47. 4,9; 105), de José (Sl 105. 17ss), do êxodo (Sl 114), do povo vagando
pelo deserto (Sl 68.7; 106.1ss), do cativeiro (Sl 85; 137) e do Senhor Jesus
Cristo (Sl 22).
Os Salmos
revelam o Deus da Bíblia, santo, poderoso, invencível em seus propósitos,
provedor, que cumpre Suas promessas e que cuida do Seu povo com amor paternal.
Esse livro também revela o nosso coração; ele faz um raio x de nosso interior e
revela as nossas fraquezas, nossas dores e temores, nossas dúvidas, lágrimas,
tristezas e alegrias, desespero e esperança. Ao lermos esse maravilhoso livro
nós podemos ver pessoas de todos os tipos e em circunstâncias diversas.
Certamente nos identificamos com esses personagens, interagimos com eles,
sofremos, choramos, nos alegramos e somos fortalecidos com seus exemplos de fé
e perseverança. Quem nunca sentiu-se como Davi, esmagado pela culpa do pecado
não confessado? (Sl 32.3,4). Ou como Asafe ao contemplar a prosperidade e a
“paz” dos ímpios no Salmo 73? Quem nunca glorificou ao Senhor Deus pelo triunfo
do Seu reino (Sl 47)?
Em sua forma
final no cânon das Escrituras, o livro dos Salmos é subdividido em cinco livros
menores. A tradição judaica apelou para o número 5, alegando que essas divisões
refletiam o Pentateuco, isto é, os cinco livros de Moisés. No livro I (Sl 1–
41), a maioria dos cânticos são atribuídos a Davi. O livro II (Sl 42–72) é uma
coleção de cânticos por, de ou para os filhos de Corá, Asafe, Davi e Salomão; nessa coleção,
quatro escritos permanecem anônimos. O livro III (Sl 73 – 89) é uma grande
coleção de cânticos de Asafe. Asafe foi o chefe dos cantores de Davi (1 Cr
16.4-7). No livro IV (Sl 90 – 106) muitos autores não são citados, mas Moisés,
Davi e Salomão deram suas contribuições. No livro V (Sl 107 – 150) registram vários
Salmos de Davi.
Estudar esse
livro em tempos tão turbulentos como os nossos é encontrar um manancial no
deserto, uma fonte de júbilo, um porto seguro, uma âncora para a alma.
Rikison
Moura, V. D. M
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