Embora o relato da vida desse
profeta do SENHOR seja breve, as lições de seu ministério são grandiosas. Ele
viveu numa época muito parecida com a nossa. Num contexto de crise política,
violência, desmandos e apostasia religiosa.
O rei Acabe era o monarca de
Israel, o chamado Reino do Norte. Além de sua habitual perversidade, o rei
acrescentou isso: casou-se com Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios.
“Fez Acabe, filho de Onri, o que era mau perante o SENHOR, mais do que
todos os que foram antes dele. Como se fora cousa de somenos andar ele nos
pecados de Jeroboão, filho de Nebate, tomou por mulher a Jezabel, filha de
Etbaal, rei dos sidônios; e foi e serviu a Baal, e o adorou” (1Rs
16.30,31).
Quando falamos de Acabe, nos
lembramos de Elias, o profeta que ousadamente o confrontava. Mas como dissemos
anteriormente, Micaías também têm muito a nos ensinar.
1. Fidelidade em meio à infidelidade. Israel havia se entregado a
idolatria. Os falsos profetas estavam por todos os lados. Eles falavam somente
o que era agradável aos ouvidos do rei e da rainha. Elias havia dito que esses
falsos profetas comiam da mesa de Jezabel (1Rs 18.19), ou seja, recebiam
sustento do Estado corrupto. Eram pagos para concordarem com o rei. Eram pagos
para consentirem com os seus desmandos. Porém, Micaías era diferente. Ele era
fiel, mesmo em meio à infidelidade. O dinheiro de Acabe não o seduzia. As
vantagens advindas do Estado não o encantavam. Ele não era condescendente com o
erro.
Essa é uma lição que precisamos
resgatar. Vivemos numa época de “comichões nos ouvidos”, onde se amontoam
falsos profetas em torno da mesa pecaminosa das vantagens materiais. Onde para
usufruir dos prazeres transitórios do pecado faz-se de tudo, até mesmo
corromper o evangelho. Não podemos nos encantar com essas “vantagens”, se elas
nos afastam do verdadeiro Deus.
2. Compromisso com Deus. Ao consultar os seus falsos profetas
acerca da guerra contra a Síria, todos foram unânimes em dizer a Acabe: “Você
vai vencer”. Porém, Micaías tinha uma
mensagem divina. E ele era comprometido com essa mensagem.
Ao consultar seus falsos
profetas, Acabe ouviu o que queria. Uma mensagem otimista. Porém, o rei Josafá se mostrou desconfiado da
credibilidade desses profetas e perguntou: “Não há aqui ainda um profeta do
SENHOR para o consultarmos?” (1Rs 22.7).
Sim, havia um, mas esse não se
dobrava aos caprichos de Acabe. O próprio rei ímpio declarou a respeito de
Micaías: “... eu o aborreço, porque nunca profetiza de mim o que é bom, mas
somente o que é mau” (1Rs 22.8).
Um homem que tem compromisso com
Deus não negocia e nem perverte a mensagem. Ele tem uma mensagem para
proclamar, sem se importar se essa mensagem irá agradar ou não. O seu
compromisso maior é com Deus e não com as opiniões dos homens.
3. Fiel em meio às pressões. Ali estava Micaías, ele contra
quatrocentos falsos profetas. O mensageiro que foi buscar o profeta do Senhor,
o pressionou para que concordasse com a mensagem dos falsos profetas. Eis o que
disse o mensageiro:
“Eis que as palavras dos profetas a uma voz predizem coisas boas para o
rei; seja, pois, a tua palavra como a palavra de um deles e fala o que é bom” (1Rs
22.13).
A resposta de Micaías é
espetacular: “Tão certo como vive o SENHOR, o que o SENHOR me disser, isso falarei”
(v.14).
Aquele mensageiro estava dizendo
para Micaías ser mais light. Para ele
não ser tão radical no anúncio de suas mensagens. Afinal de contas, ele era
minoria. Porém, Micaías não estava buscando aceitação, nem fama ou aplausos.
Por isso, o que o SENHOR dissesse, ele falaria, mesmo correndo riscos.
4. Uma inabalável confiança. Como dissera ao mensageiro, assim fez
Micaías. Ele contrariou as falsas profecias e profetizou o que de fato iria
acontecer: “Acabe morreria”. O falso
profeta Zedequias reagiu com violência, agredindo o profeta do SENHOR (v. 24).
Antes de sair para a batalha, o
rei Acabe ordenou: “Metei esse homem na
casa do cárcere e angustiai-o, com escassez de pão e de água, até que eu volte
em paz” (1Rs 22.27).
Com uma firme confiança no Deus
vivo, Micaías retrucou: “Se voltares em paz, não falou o SENHOR, na verdade,
por mim. Disse mais: Ouvi isto, vós, todos os povos!” (v.28).
A prova de um verdadeiro profeta
era o cumprimento de suas palavras (Dt 18.17-22). Os falsos profetas falavam em
nome do Senhor e reivindicavam para si autoridade, mas não passavam de
enganadores.
Que nesses tempos tão difíceis em
que vivemos, tempos semelhantes ao de Micaías; tenhamos uma atitude semelhante
a esse profeta, que não temeu em denunciar o pecado, de andar na contramão e
ser fiel ao seu Deus. Que o SENHOR nos abençoe nos fazendo homens com tal
envergadura.
Rikison Moura.
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