terça-feira, 1 de setembro de 2015

AS CONFISSÕES REFORMADAS E O BATISMO INFANTIL

Durante a Reforma Protestante, os anabatistas, também chamada de “ala radical da Reforma”, foram aqueles que se posicionaram contra os reformadores e sua prática de batizar também as crianças. Aqui, quero apenas mostrar o que os reformadores afirmaram em Confissão.
A Confissão Belga afirma:

Rejeitamos, portanto, o erro dos anabatistas, que não se contentam com o batismo que uma vez receberam e que, além disto, condenam o batismo dos filhos pequenos dos crentes. Nós cremos, porém, que eles devem ser batizados e, com o sinal da aliança, devem ser selados, assim como as crianças em Israel eram circuncidadas com base nas mesmas promessas que foram feitas a nossos filhos. Cristo, de fato, derramou seu sangue para lavar, igualmente, as crianças dos fiéis e os adultos. Por isso, elas devem receber o sinal e o sacramento da obra que Cristo fez para elas, como o Senhor, outrora, na lei, determinava que as crianças participassem, pouco depois do seu nascimento, do sacramento do sofrimento e da morte de Cristo, através da oferta de um cordeiro, que era um sacramento de Jesus Cristo. Além disto, o batismo tem, para nossos filhos, o mesmo efeito que a circuncisão tinha para o povo judeu. É por esta razão que o apóstolo Paulo chama ao batismo: "a circuncisão de Cristo" (Colossenses 2:11). [1]

O Catecismo de Heidelberg ensina:

Pergunta 74: As crianças pequenas devem ser batizadas?
Resposta: Sim. As crianças, assim como os adultos, pertencem à aliança e à igreja de Deus. Através do sangue de Cristo lhes são prometidos, da mesma forma que aos adultos, a redenção do pecado e o Espírito Santo, que opera a fé. Assim as crianças, por meio do batismo como sinal da aliança, devem ser enxertadas na igreja de Cristo e distinguidas dos filhos dos incrédulos. Na velha aliança isso era feito pela circuncisão, que, na nova aliança, foi substituída pela instituição do batismo.

A Confissão de Fé de Westminster afirma:
Não só os que de fato professam a sua fé em Cristo e obediência a ele, mas também os filhos de pais crentes (ainda que só um deles o seja) devem ser batizados. [2]
(Gn 17:7, 9; 10 com Gl 3:9, 14 e Cl 2:11-12 e At 2:38-39 e Rm 4:11-12; 1Co 7:14; Mt 28:19; Mc 10:13-16; Lc 18:15).

A Segunda Confissão Helvética caminha na mesma estrada reformada ao afirmar:

Condenamos os anabatistas, que negam que as criancinhas recém-nascidas dos fiéis devam ser batizadas. Mas, segundo o ensino evangélico, “dos tais é o Reino de Deus”, e as mesmas se encontram na aliança de Deus. Por que, então, não deve o sinal da aliança de Deus ser conferido a elas? Por que não devem aqueles que são propriedade de Deus e estão na sua Igreja ser iniciados pelo santo batismo? Condenamos os anabatistas em outras das suas doutrinas peculiares, que eles sustentam em oposição à Palavra de Deus. Não somos, portanto, anabatistas e nada temos em comum com eles. [3]

A Confissão de Fé Escocesa declara:

“Reconhecemos e sustentamos que o batismo se aplica tanto aos filhos dos fiéis como aos fiéis adultos, dotados de discernimento, e assim condenamos o erro dos Anabatistas, que negam o batismo às crianças até que elas tenham compreensão e fé”. [4]

Por fim temos a declaração da Confissão de Augsburgo, documento da igreja luterana:

“Do batismo se ensina que é necessário e que por ele se oferece graça; que também se devem batizar crianças, as quais, pelo batismo, são entregues a Deus e a ele se tornam agradáveis.
Por essa razão se rejeitam os anabatistas, os quais ensinam que o batismo infantil não é correto”. [5]
Só para deixar claro, o batismo infantil não é uma prática iniciada com a Reforma Protestante do século XVI. Estou citando apenas o que os reformadores ensinaram em suas confissões de fé. E ao sustentarem esta doutrina, eles estavam cientes de que o seu ensino estava de acordo com a Escritura e o testemunho da maioria dos Pais da Igreja. Essa matéria era quase unanimidade nos primeiros séculos da Igreja de Cristo. Uma das maiores declarações foi feita por Orígenes (185-254 d. C), esse disse que: “A Igreja recebeu dos Apóstolos a tradição de dar o batismo também aos recém-nascidos”.

Além de Orígines, temos Irineu de Lyon, Hipólito de Roma, Cipriano de Cartago, Gregório de Nazianzo, João Crisóstomo, Agostinho de Hipona e outros que dão testemunho do batismo infantil.

Calvino chega a dizer que aqueles que disseminam entre o povo simples que o pedobatismo foi desconhecido por muitos anos depois da ressurreição de Cristo, estes mentem quanto a isso da forma mais baixa. Porque não há escritor, por mais antigo que seja, que não se conte que este batismo teve origem já no tempo dos apóstolos. [6]  

Que Deus abençoe os irmãos.

Rikison Moura. 


[1] Artigo 34.
[2] Capítulo XXVIII, Parágrafo IV. 
[3] Do santo Batismo.
[4] Capítulo 23.
[5] Artigo 9.
[6] Institutas, Livro 4, (Editora Unesp), p. 741.

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