Li esses dias uma história envolvendo o “príncipe dos
pregadores”, o rev. Charles Spurgeon. Essa história não é de segunda mão, mas
foi contada por ele próprio. [1]
Ele foi convidado a pregar numa determinada localidade no interior,
e como bom inglês, ele era comprometido com o horário, com a pontualidade. Como
ele mesmo disse: “Sinto que a
pontualidade é uma daquelas pequenas virtudes que podem evitar grandes
pecados”. Mas nesse dia, por razões que estavam fora do seu controle,
Spurgeon acabou chegando consideravelmente atrasado.
Quando finalmente chegou na igreja, o culto já
havia começado, os irmãos haviam cantado os hinos e estava no sermão. Quando
ele aproximou-se da igreja, viu que quem estava no púlpito pregando era o seu
amado avô. Quando ele viu a aproximação de Spurgeon ele disse: “Aí vem o meu neto! Ele pode pregar o
Evangelho melhor do que eu, mas ele não pode pregar um Evangelho melhor, você
pode, Charles?”
Enquanto Spurgeon fazia o caminho em direção ao
altar ele respondeu: “Você pode pregar
melhor do que eu. Suplico que continue”. Mas seu avô não concordou e passou
o sermão para Spurgeon. Não deveria começar um novo assunto, devia tomar o
sermão e continuar onde seu avô havia parado e assim ele fez.
O texto que estava expondo era Efésios 2.8: “Porque pela graça sois salvos, por meio da
fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus”.
Seu avô disse: “Charles, eu estava
pregando em ‘Porque pela graça sois salvos.’ Eu estava estabelecendo a fonte e
manancial da salvação. E agora estou mostrando-lhes o canal do mesmo, através
da fé. Agora você o eleva e prossiga”.
Spurgeon pegou o sermão e continuou expondo a
seguinte sentença: “por meio da fé”.
Quando ele foi para o próximo ponto, “E
isto não vem de vós”, enquanto mostrava a incapacidade e a depravação humana
e a certeza de que a salvação não poderia ser de nós mesmos, Spurgeon
sentiu a aba do seu casaco ser puxada e a voz do seu avô dizendo: “Eu conheço mais acerca disto,
queridos amigos”. E retomou o sermão expondo a
depravação humana. Segundo o testemunho de Spurgeon:
“E assim, ele assumiu a
parábola, e pelos próximos cinco minutos estabeleceu uma descrição solene e
humilhante de nossa perdição, a depravação de nossa natureza e a morte
espiritual sob a qual fomos encontrados”.
E ainda: “Quando ele disse o seu
exemplo de uma forma muito graciosa, seu neto foi autorizado a prosseguir novamente,
para grande satisfação do querido velho, pois de vez em quando ele dizia, em
tom suave: “Bom! Bom!” Uma vez ele disse: “Diga-lhes isto de novo, Charles”. E,
claro, eu lhes disse isso de novo! (...) Nosso acordo nas coisas de Deus tornou
fácil para nós sermos pregadores conjuntos do mesmo discurso!”.
O testemunho de Spurgeon acerca do seu avô foi: “Se o meu avô pudesse retornar à Terra, ele me encontraria onde ele me
deixou – firme na fé e fiel a essa forma de Doutrina que uma vez foi entregue
aos santos.
Que Deus nos ajude a sermos fiéis à Sua Palavra e que o nosso evangelho
seja o mesmo desses santos, dos quais o mundo não era digno.
Rikison Moura
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