terça-feira, 18 de novembro de 2014

UMA CRISE DE OBEDIÊNCIA

A igreja primitiva colocou o mundo de cabeça para baixo, mas hoje tem acontecido exatamente o contrário. É penoso, dói o nosso coração constatarmos esse inequívoco fato. Não dar e nem adianta tapar o sol com a peneira. De fato vivemos uma crise de obediência, de descrédito para com a Palavra de Deus, de relativização da verdade. Nos acostumamos com uma “espiritualidade” que se contenta em ir dominicalmente aos cultos, sem no entanto, comprometer-se com os valores básicos da fé cristã.
E um desses distintivos cristãos que é o amor pelos perdidos, o desejo sincero de vermos vidas sendo transformadas tem perdido a cada dia que se passa espaço em nossas vidas. Nutrimos grande admiração pelos grandes homens do passado, mas não ousamos imitar a sua fé e o seu compromisso com a obra de Deus. Nos falta fervor e paixão em ver almas rendidas aos pés de Cristo, verdadeiramente transformadas pela pregação genuína da Escritura. Não procuramos com afinco a dracma perdida, no máximo nos contentamos em polir nossas moedas.

Somos simplesmente irresponsáveis com a evangelização dos perdidos. O que nos falta? Temos recursos? Sim, muitos. Temos tecnologia? Até demais. Temos dinheiro? Somos milionários, se comparados com os crentes do Novo Testamento. Porém, gastamos o nosso dinheiro sem critério. O missionário David Botelho, disse que os crentes brasileiros investem apenas 1,30 R$ em missões por ano. O que nos falta?  Amor pelas almas! Parece que queremos ir para os céu sozinhos. Esquecemos de clamar aos homens a entrarem nesse apertado, porém glorioso caminho. Isso quando desejamos o céu, pois muitos querem construir reinos e monumentos em torno de seus próprios nomes nesse mundo mesmo.    
Não queremos gastar e nos desgastar como fez Paulo pelo reino de Deus (2Co 12.15). Somos como sanguessugas que só recebem. Só pedimos e não queremos oferecer. A palavra de Cristo tem constantemente queimado o meu coração:
“Por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando?” (Lc 6.46).
O que estamos esperando? Cristo já não nos ordenou? Que o Espírito Santo nos acorde para a realidade chocante que paira diante dos nossos olhos. Que nos incomode e nos empurre para fora do nosso confortável ninho.  Às vezes agimos como Pedro no monte da Transfiguração. “Bom é estarmos aqui”, disse o encantado apóstolo pela glória daquele grande milagre, mas lá embaixo, havia um pai desesperado, suplicando ajuda, consolo e libertação para o seu filho atormentado por espíritos demoníacos.
Gostamos de estar na igreja, juntos com a irmandade, reunidos no aconchego e conforto, porém, lá fora, almas clamam, gemem, choram. Lá há ódio, injustiça social, desespero, desesperança. Meu Deus! Será que isso não nos incomoda? Será que essa gente em situação tão dramática não faz chorar o nosso coração? Como nos tornamos tão insensíveis?
As indagações de Leonard Ravenhill merecem uma resposta sincera de nossa parte:
“Será que um marinheiro ficaria parado se ouvisse o clamor de um náufrago? Será que um médico permaneceria sentado comodamente, deixando seus pacientes morrerem? Será que um bombeiro, ao saber que alguém está perecendo no fogo, ficaria parado e não iria prestar-lhe socorro? E você, conseguiria ficar à vontade em Sião vendo o mundo ao seu redor ser condenado?”. 
Vejam como Jesus olhava para uma multidão de pecadores e nunca mais ousem ser frios no amor e lerdos nas ações. Elas não eram invisíveis aos Seus olhos. Ele os via e os via não como um estorvo, mas como ovelhas sem pastor. Como enfermos que necessitavam de médico. Como perdidos que precisavam ser achados, como pecadores que necessitavam de salvação.  Que possamos falar aos homens famintos e sedentos de realidade e significado que Jesus é o Pão da vida, a água que sacia toda sede. O amoroso Salvador de pecadores.


Rikison Moura, V. D. M 

Nenhum comentário:

Postar um comentário