terça-feira, 25 de novembro de 2014

CONFIANÇA EM DEUS, NA ADVERSIDADE (Salmo 3)

Esse é o primeiro dos 73 Salmos atribuídos diretamente a Davi, e ele o compôs numa ocasião difícil e marcante em sua vida, quando o seu filho Absalão conspirou contra ele e o perseguiu. Embora Davi tenha sido um grande homem, infelizmente, mostrou-se um pequeno pai. Sua casa foi transtornada por vários episódios lamentáveis (Cf. 1Sm 13-18).

1.1   Davi constata e lamenta o número cada vez mais crescente daqueles que procuram tirar-lhe a vida. Suas aflições são agravadas pelo fato de que nessa ocasião o adversário principal, ou o cabeça da rebelião é o seu próprio filho. Absalão era bem apessoado que por meio de suas palavras aveludadas e mentirosas “furtava o coração dos homens de Israel” (1Sm 15.1-6). Agostinho disse que: “mentir é querer passar pelo que não é”. Era exatamente isso que Absalão estava fazendo. Por meio de suas mentiras ele queria passar uma imagem de um homem justo e bondoso.
1.2   Os inimigos aumentam e as notícias pioram. A alegação de muitos era que não havia possibilidade de livramento, não havia escapatória para Davi, “não há em Deus salvação para ele”.
Essa é a primeira vez que o termo “selá” aparece nas Escrituras (vv. 2,4,8), sendo usado 71 vezes nos Salmos e três vezes em Habacuque 3. Os hebraístas não apresentam um consenso quanto às origens desse termo, que podem ser decorrente de palavras que significam “elevar” ou “calar”. No primeiro caso, trata-se de um sinal para que o cântico seja entoado em voz bem alta, ou para as trombetas, ou, ainda, para que as mãos sejam levantadas ao Senhor. No segundo caso, pode ser um sinal para uma pausa, um momento de silêncio e de meditação.[1]
1.3   Contrastando o diagnóstico desanimador de muitos, o rei Davi não desanima e afirma a sua confiança no Senhor Deus de Israel. Davi não ignora os problemas, ele não está alheio às situações adversas, porém, confia que Deus irá lhe proteger, pois o Senhor é o seu escudo. Essa imagem do escudo era um símbolo da proteção de Deus, que primeiramente foi revelado a Abrão (Gn 15.1).  Davi foi forçado a abandonar o seu trono, encontra-se numa situação de vergonha por causa de seus próprios pecados e da traição do seu filho, mas Deus é a fonte da glória de Davi. Ele confia que o Deus da aliança não lhe abandonará, e exaltará a sua cabeça.
1.4,5 Davi ora ao Senhor e Deus misericordiosamente o responde e o ajuda. Assim, confiando sua cabeça ao céu, Davi dorme tranquilamente, sem temer a espada dos homens. Como dormir tranquilo tendo uma turba desejosa de derramar o seu sangue?  Mesmo na pior das circunstâncias Davi dorme sossegado porque Deus lhe sustenta e protege. “A ansiedade no coração do homem o abate...” (Pv 12.25). Porém, ao invés de ficar desanimado, ele lança sobre Deus toda a sua ansiedade. Isso nos faz lembrar do que escreveu o apóstolo Pedro:
Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós” (1Pe 5.7).
Mais tarde o próprio Davi escreveria: “Confia os teus cuidados ao SENHOR, e ele te susterá; jamais permitirá que o justo seja abalado” (Sl 55.22).
1.6 Por ser protegido por Deus, Davi não teme aqueles que se levantam com fúria contra ele. Davi foi forçado a deixar o seu trono, mas sabia que isso jamais aconteceria com Deus. O Senhor Deus estava no trono, tendo tudo sob controle.
1.7 Davi clama a Deus que Ele lute e defenda o seu povo contra os seus inimigos. As palavras de Davi nos lembram as palavras de Moisés: “Levanta-te, SENHOR, e dissipados sejam os teus inimigos, e fujam diante de ti os que te odeiam” (Nm 10.35). Davi tinha certeza de que Deus lhe daria à vitória e foi exatamente isso que aconteceu.
1.8 Davi antevê a vitória e o livramento efetuado pelas soberanas e bondosas mãos de Deus. A glória pertence à Deus, é Ele quem nos concede vitória, livramento e benção sobre o teu povo.


Rikison Moura, V. D. M    




[1] Warren Wiersbe, Comentário Bíblico Expositivo, pp. 92,93

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