Muitos cristãos concordam com a
primeira parte da declaração da Confissão de Fé de Westminster quando ela
declara: “Pelo decreto de Deus e para a
manifestação da sua glória, alguns homens e alguns anjos são predestinados para
a vida eterna...”. Mas a segunda parte, para a maioria esmagadora das
pessoas é um grande absurdo, a Confissão diz: “...e outros preordenados para a morte eterna”. [1]
Observem que a Confissão não
apenas diz que outros são preordenados
para a morte eterna, mas que isso acontece pelo decreto de Deus. Vejam que
tanto a eleição como a reprovação fluem da vontade de Deus. Mas existem algumas
coisas importantes que devemos considerar.
Na eleição, Deus trabalha
ativamente, chamando eficazmente o eleito para a fé em Cristo, pelo seu
Espírito. Na reprovação, “foi Deus servido não contemplar e ordená-los para a
desonra e ira por causa de seus pecados”. [2] Aos
eleitos, Deus lhes concede aquilo que eles não merecem – o perdão dos pecados e
a vida eterna. Aos réprobos, Deus dá exatamente o que eles merecem –
condenação, morte eterna. Aos eleitos Deus age com misericórdia, aos réprobos
Deus age com perfeita justiça, dando a eles o que seus pecados merecem.
Os teólogos, para descrever os
réprobos, utilizam termos como “preteriu”, “passou de largo”, “não contemplou”.
Isso significa que Deus, que é livre para conceder ou reter misericórdia (Rm
9.18) é ativo na salvação dos eleitos, mas passa de largo em relação aos
réprobos.
Muitos são rápidos em identificar
uma “grave falha” nesta doutrina. Segundo
eles, se Deus escolhe uns e não outros, então Deus é injusto. Louis Berkhof
rebate com muita perspicácia esta acusação:
“O fato de que Deus favorece alguns e passa por alto a outros, não dá
direito à acusação de que sobre ele pesa a culpa de agir com injustiça. Só
podemos falar de injustiça quando uma parte pode reivindicar algo de outra. Se
Deus devesse o perdão do pecado e a vida eterna a todos os homens seria
injustiça se ele salvasse apenas um número limitado deles. Mas o pecador não
tem, absolutamente, nenhum direito ou alegação que possa apresentar quanto às
bênçãos decorrentes da eleição divina”. [3]
Além disso, se os acusadores
querem se estribar na justiça divina, eu ouso lhes perguntar: qual a justa recompensa pelo pecado? O apóstolo
Paulo nos responde dizendo que o salário do pecado é a morte (Rm 6.23). Se Deus
operasse somente com base em Sua perfeita justiça, todos os pecadores iriam
para o inferno.
Sobre a justiça de Deus na
condenação dos réprobos, Os
Cânones de Dort declaram o seguinte:
“De acordo com seu soberano, justo, irrepreensível e imutável bom
propósito, Deus decidiu deixá-los na miséria comum em que se lançaram por sua
própria culpa, não lhes concedendo a fé salvadora e a graça de conversão. Para
mostrar sua justiça, decidiu deixá-los em seus próprios caminhos e debaixo do
seu justo julgamento, e finalmente condená-los e puni-los eternamente, não
apenas por causa de sua incredulidade, mas também por todos os seus pecados,
para mostrar sua justiça. Este é o decreto da reprovação qual não torna Deus o
autor do pecado (tal pensamento é blasfêmia!), mas O declara o temível,
irrepreensível e justo Juiz e Vingador do pecado”. [4]
Observem também que a Confissão
de Fé de Westminster diz que Deus faz isso (elege e reprova pecadores) para a manifestação de sua glória. A
pergunta que fazemos é: como Deus pode ser glorificado na condenação dos
ímpios? Ou colocando de outra forma: como a doutrina da reprovação pode trazer
glória ao Santo nome de Deus?
A doutrina da eleição e da
reprovação mostram que Deus é Soberano. Sua misericórdia e Sua justiça são
gloriosas. Ele é livre para escolher alguns e rejeitar outros. Como diz a
Escritura: “Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e compadecer-me-ei
de quem me aprouver ter compaixão” e ainda: “Logo, tem ele misericórdia de quem
quer e também endurece a quem lhe apraz” (Rm 9. 15, 18).
Assim Deus é glorificado na
salvação dos eleitos e na condenação dos réprobos, pois ambas as coisas provém
dos gloriosos atributos e propósitos de Deus.
Rikison Moura.
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