Todos nós, ou
pelo menos a grande maioria, nos orgulhamos de sermos lembrados como os
pioneiros do Protestantismo no Brasil e de fazermos parte, de maneira muito
direta, daquele espantoso e transformador movimento da igreja do século XVI
conhecido como Reforma Protestante.
Olhamos para
o passado e ficamos admirados com os maravilhosos feitos dos grandes homens de
Deus, e fazemos questão de lembrar aos mais desavisados, que a maioria desses
homens que foram poderosamente usados por Deus eram calvinistas.
Porém,
ninguém consegue sobreviver por muito tempo apenas olhando e admirando as
glórias do passado. A história continua e o tempo não para, e temos a
responsabilidade de darmos continuidade à história.
Durante os
séculos a igreja têm enfrentado vários desafios e isso é verdadeiro para nós
hoje. Temos os nossos próprios desafios à enfrentar. Os desafios são reais,
espantosos, intimidadores. A nuvem negra do liberalismo teológico pairou sobre
as nossas cabeças, grande parte dos nossos seminários estão doentes, a
pós-modernidade veio com o seu pacote de relativismo, e para piorar a situação,
o fervor que marcou a vida dos calvinistas do passado extinguiu-se em nossos
dias. Pregamos as Escrituras, mas parece que não cremos no que pregamos. Em
grande parte somos ortodoxos, mas não temos vida. Pregamos sem fé, sem vida,
sem paixão, sem fervor e sem poder.
Temos
transformado as benditas doutrinas da graça em poderosos soníferos. As pessoas
vem para as igrejas reformadas, sentam-se nos bancos e dormem como se fossem
bebês. Dormem porque a nossa pregação não assombra. Dormem porque a nossa
pregação não inspira terror. Dormem porque a nossa pregação tem sido fabricada
em confortáveis poltronas, rodeado dos melhores livros que o dinheiro pode
comprar. As pessoas dormem porque a nossa pregação não custa nada, não
trabalhamos duro, não temos lutado com Deus em secreto, implorando o poder do
Espírito Santo. Aliás, parece-me que muitos de nós temos medo do Espírito
Santo. Criamos uma ojeriza tão grande contra os pentecostais que qualquer coisa
que possa lembra-los precisa ser rechaçada, arrancado do nosso meio como se
fosse um câncer. Então, se os pentecostais dão glórias à Deus no culto, eu que
sou reformado, calvinista, tradicional, não dou glória à Deus, pois não quero
ser parecido nem um pouco com os pentecostais. Se eles dão muita ênfase ao
Espírito Santo, eu vou na contramão e viajo ao outro extremo e raramente me
refiro ao Espírito Santo, senão para dizer que os seus dons cessaram.
E sem o poder
e os dons do Espírito o que nos resta? Intelectualismo frio, que pode até
arrancar alguns elogios e admiração humana, mas não produz sulcos na alma, pois
está desprovido de poder. Vamos para a guerra sem passarmos pelo quartel general
para falarmos com o Comandante Supremo e tomarmos a armadura que ele nos
dispõe. Lutamos com a força do nosso próprio braço e fracassamos. E enquanto
pensamos que as nossas palavras de sabedoria humana têm realizado algum êxito, algum
progresso, o máximo que conseguimos é colocar as pessoas para dormirem.
Penso que a
resposta para um ministério apático seja a revitalização da verdade bendita de
Deus e uma proclamação fervorosa dessa mesma verdade. O Rev. C. H. Spurgeon
disse: “Ouçam como Whitefield pregava e
nunca mais ousem ser letárgicos!”.[1]
O mesmo
Spurgeon declarou: “Se com o fervor dos
metodistas pudermos pregar a doutrina dos puritanos, um grande futuro nos
espera. O fogo de Wesley e a lenha de Whitefield causarão um incêndio que
queimará as florestas de erro e aquecerão a própria alma desta frígida terra”.[2]
O Reformador
suíço, Oecolampadius, disse algo que é extremamente verdadeiro, atual e
oportuno: “Quanto mais poderiam fazer no
ministério uns poucos homens bons e fervorosos do que uma multidão de homens
mornos”.
Horatius A.
Bonar, ministro presbiteriano escocês escreveu:
“A mera
multiplicação de homens que chamam a si mesmo de ministros não vai ajudar
muito. Eles não serão mais que “chuchus de cerca”. Eles podem ser como Acã,
trazendo problemas para o acampamento; ou talvez como Jonas, trazendo
tempestades. Podem ser ortodoxos na doutrina, mas por causa de incredulidade,
morbidez e um formalismo doentio, tais ministros podem causar danos
irreparáveis à causa de Cristo, causando um esfriamento e fazendo murchar toda
espiritualidade em volta deles. O ministro morno ainda que teoricamente
ortodoxo é fatalmente mais funesto para as almas do que aqueles que são
grosseiramente inconsistentes ou flagrantemente heréticos”.[3]
Somos
herdeiros da Reforma, fazemos parte de uma igreja histórica, mas não temos
conseguido construir um presente vitorioso e nem tampouco almejado um futuro melhor.
Somos uma igreja histórica e precisamos continuar fazendo história, para à
Glória de Deus! Os nossos antepassados transformaram a História, e nós o que
temos feito?
Rikison
Moura, V. D. M
Infelizmente, hoje vemos igrejas “evangélicas” prestando a Deus um culto contaminado e misturado com objetos e práticas supostamente capazes de transferir a graça de Deus, que vai de lenço ungido, passando a copo d’água abençoado, correntes de oração e chegando a “mergulho em piscina”. Isso é uma blasfêmia ao verdadeiro culto prestado a Deus, é um insulto ao Evangelho de Jesus Cristo.
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