terça-feira, 2 de dezembro de 2014

IGREJAS HISTÓRICAS: VOCÊS PRECISAM FAZER HISTÓRIA!

Todos nós, ou pelo menos a grande maioria, nos orgulhamos de sermos lembrados como os pioneiros do Protestantismo no Brasil e de fazermos parte, de maneira muito direta, daquele espantoso e transformador movimento da igreja do século XVI conhecido como Reforma Protestante.
Olhamos para o passado e ficamos admirados com os maravilhosos feitos dos grandes homens de Deus, e fazemos questão de lembrar aos mais desavisados, que a maioria desses homens que foram poderosamente usados por Deus eram calvinistas.
Porém, ninguém consegue sobreviver por muito tempo apenas olhando e admirando as glórias do passado. A história continua e o tempo não para, e temos a responsabilidade de darmos continuidade à história.

Durante os séculos a igreja têm enfrentado vários desafios e isso é verdadeiro para nós hoje. Temos os nossos próprios desafios à enfrentar. Os desafios são reais, espantosos, intimidadores. A nuvem negra do liberalismo teológico pairou sobre as nossas cabeças, grande parte dos nossos seminários estão doentes, a pós-modernidade veio com o seu pacote de relativismo, e para piorar a situação, o fervor que marcou a vida dos calvinistas do passado extinguiu-se em nossos dias. Pregamos as Escrituras, mas parece que não cremos no que pregamos. Em grande parte somos ortodoxos, mas não temos vida. Pregamos sem fé, sem vida, sem paixão, sem fervor e sem poder.
Temos transformado as benditas doutrinas da graça em poderosos soníferos. As pessoas vem para as igrejas reformadas, sentam-se nos bancos e dormem como se fossem bebês. Dormem porque a nossa pregação não assombra. Dormem porque a nossa pregação não inspira terror. Dormem porque a nossa pregação tem sido fabricada em confortáveis poltronas, rodeado dos melhores livros que o dinheiro pode comprar. As pessoas dormem porque a nossa pregação não custa nada, não trabalhamos duro, não temos lutado com Deus em secreto, implorando o poder do Espírito Santo. Aliás, parece-me que muitos de nós temos medo do Espírito Santo. Criamos uma ojeriza tão grande contra os pentecostais que qualquer coisa que possa lembra-los precisa ser rechaçada, arrancado do nosso meio como se fosse um câncer. Então, se os pentecostais dão glórias à Deus no culto, eu que sou reformado, calvinista, tradicional, não dou glória à Deus, pois não quero ser parecido nem um pouco com os pentecostais. Se eles dão muita ênfase ao Espírito Santo, eu vou na contramão e viajo ao outro extremo e raramente me refiro ao Espírito Santo, senão para dizer que os seus dons cessaram. 
E sem o poder e os dons do Espírito o que nos resta? Intelectualismo frio, que pode até arrancar alguns elogios e admiração humana, mas não produz sulcos na alma, pois está desprovido de poder. Vamos para a guerra sem passarmos pelo quartel general para falarmos com o Comandante Supremo e tomarmos a armadura que ele nos dispõe. Lutamos com a força do nosso próprio braço e fracassamos. E enquanto pensamos que as nossas palavras de sabedoria humana têm realizado algum êxito, algum progresso, o máximo que conseguimos é colocar as pessoas para dormirem.
Penso que a resposta para um ministério apático seja a revitalização da verdade bendita de Deus e uma proclamação fervorosa dessa mesma verdade. O Rev. C. H. Spurgeon disse: “Ouçam como Whitefield pregava e nunca mais ousem ser letárgicos!”.[1]

O mesmo Spurgeon declarou: “Se com o fervor dos metodistas pudermos pregar a doutrina dos puritanos, um grande futuro nos espera. O fogo de Wesley e a lenha de Whitefield causarão um incêndio que queimará as florestas de erro e aquecerão a própria alma desta frígida terra”.[2]
O Reformador suíço, Oecolampadius, disse algo que é extremamente verdadeiro, atual e oportuno: “Quanto mais poderiam fazer no ministério uns poucos homens bons e fervorosos do que uma multidão de homens mornos”.
Horatius A. Bonar, ministro presbiteriano escocês escreveu:
“A mera multiplicação de homens que chamam a si mesmo de ministros não vai ajudar muito. Eles não serão mais que “chuchus de cerca”. Eles podem ser como Acã, trazendo problemas para o acampamento; ou talvez como Jonas, trazendo tempestades. Podem ser ortodoxos na doutrina, mas por causa de incredulidade, morbidez e um formalismo doentio, tais ministros podem causar danos irreparáveis à causa de Cristo, causando um esfriamento e fazendo murchar toda espiritualidade em volta deles. O ministro morno ainda que teoricamente ortodoxo é fatalmente mais funesto para as almas do que aqueles que são grosseiramente inconsistentes ou flagrantemente heréticos”.[3]
Somos herdeiros da Reforma, fazemos parte de uma igreja histórica, mas não temos conseguido construir um presente vitorioso e nem tampouco almejado um futuro melhor. Somos uma igreja histórica e precisamos continuar fazendo história, para à Glória de Deus! Os nossos antepassados transformaram a História, e nós o que temos feito?


Rikison Moura, V. D. M




[1] Lições Aos Meus Alunos, vol 1 (PES) p.165
[2] Lições aos Meus Alunos, vol 2 (PES) p. 119
[3] Um Recado Para Ganhadores de Almas (Vida Nova), p. 9

Um comentário:

  1. Infelizmente, hoje vemos igrejas “evangélicas” prestando a Deus um culto contaminado e misturado com objetos e práticas supostamente capazes de transferir a graça de Deus, que vai de lenço ungido, passando a copo d’água abençoado, correntes de oração e chegando a “mergulho em piscina”. Isso é uma blasfêmia ao verdadeiro culto prestado a Deus, é um insulto ao Evangelho de Jesus Cristo.

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