O salmo 4 é muito semelhante ao
salmo 3. Em ambos Davi está cercado de inimigos, sofrimento e opressão. Os dois
Salmos ressaltam uma palavra principal: confiança.
Na adversidade, perseguição, angústia, a palavra de ordem é: confiai no SENHOR. Esse Salmo nos
mostra como deve ser a nossa atitude diante das grandes dificuldades da vida.
1.1 Davi inicia esse Salmo rogando a Deus por preservação,
alívio e misericórdia. Ele pede para ser ouvido, pois grande é a sua angústia e
somente em Deus há justiça ao oprimido. Somente em Deus há conforto e alívio ao
atribulado. Somente em Deus há esperança para o aflito. O termo “angústia” refere-se a um situação sem
saída, é estar cercado, encurralado num lugar apertado. Mas Deus tem aliviado o
seu servo, ou seja, o tem colocado em lugar espaçoso.
1.2 Após clamar pela intervenção de Deus, o rei Davi agora
confronta os seus inimigos e expõe suas atitudes que revelam seus corações
malignos. Eles não andam retamente perante o Senhor. Eles amam a vaidade e a
mentira. Por isso eles pagariam caro. Colheriam em suas vidas aquilo que
semearam. Amar coisas vãs e seguir mentiras é correr velozmente rumo à
perdição.
1.3 Davi está cônscio que Deus
sabe quem de fato é piedoso e a esses o Senhor separa para si. Esses são alvos
da graça de Deus, a esses Deus estende a sua misericórdia, os ouve e responde
quando clamam. Davi sempre teve essa confiança: Ó tu que escutas a oração...”
(65.2); “Suba a tua presença a minha oração, como incenso, e seja o erguer de
minhas mãos como oferenda vespertina” (Sl 141.2). O Senhor atende a oração dos
justos (Pv 15.29), mas aos que não dão ouvidos a lei de Deus, até a sua oração
será abominável (Pv 28.9).
1.4 O apóstolo Paulo cita esse
versículo em Efésios 4.26. Ele nos mostra que nem toda ira é pecaminosa. É
claro que não é fácil encontrar esse equilíbrio e maturidade. Há uma ira que é
justa, tal como a que vemos em nosso Senhor mesmo (Mc 3.5; Jo 2.13-17); mas Sua
ira nunca O levou a pecar, porque mantinha Suas emoções sob perfeito controle.
O cristão deve estar certo de que sua ira provém de justa indignação, e que não
exprime apenas provocação pessoal ou orgulho ferido. Não deve possuir motivos
pecaminosos, nem permitir que o leve de qualquer forma ao pecado.[1]
1.5 A confiança em Deus é um
antídoto contra todas as intempéries da vida.
“Bem-aventurado o homem que põe
no SENHOR a sua confiança e não pende para os arrogantes, nem para os
afeiçoados à mentira” (Sl 40.4).
“Em Deus, cuja palavra eu exalto,
neste Deus ponho a minha confiança e nada temerei. Que me pode fazer um
mortal?” (Sl 56.4).
1.6,7 Os queixosos reclamam da
situação e parecem zombar da confiança do rei, eles não conseguem ver o que
Davi vê, pois Davi anda pela fé. Que bem essas pessoas queriam? O testemunho
vitorioso do salmista silencia os zombadores. Deus pôs em seu coração
verdadeira alegria. Em tempos trevosos, Davi viu resplandecer sobre ele a luz
do rosto bendito de Deus. Enquanto todos estavam desanimados, Davi foi
contemplado pela alegria que vem do Pai.
1.8 Alivio, preservação,
misericórdia, luz, alegria e paz. São algumas das maravilhosas bênçãos que Deus
dispensa a Davi em meio as dificuldades. O termo hebraico Shalom, paz, é muito mais do que ausência de
problemas. Em meio à crises intensas, perseguição, calúnia e sofrimento, Davi
pôde louvar a Deus, sim, aquele que lhe concede paz, confiança plenitude de
vida. Em Deus podemos deitar e descansarmos seguros, somente Ele é a nossa paz.
Finalizo com as sábias palavras
do Reformador João Calvino:
“Não há nenhuma paz genuína e
sólida que seja desfrutada neste mundo senão na atitude repousante nas
promessas de Deus. Os que não lançam mão delas podem ser bem-sucedidos por
algum tempo em abafar ou expulsar os terrores da consciência, mas sempre
deixarão de desfrutar do genuíno conforto íntimo”. [2]
Rikison Moura, V. D. M
[1]
Francis Foulkes, Efésios, Introdução e
Comentário, (Vida Nova), p. 110
[2]
Hermisten Maia, Calvino de A a Z, (Vida
Acadêmica), p. 80
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