domingo, 18 de maio de 2014

QUEM É JESUS?


Aparentemente essa parece ser uma questão simples, mas não é. Durante séculos verdadeiras batalhas foram travadas em torno dessa questão. Já nos dias em que o Filho de Deus andava sobre esta terra, muitas pessoas tinham grandes dificuldades de responder adequadamente essa questão. Os principais sacerdotes e os fariseus do seu tempo chamaram-no de embusteiro (Mt 27.63). Séculos se passaram e ainda hoje milhares e milhares de pessoas precisam lidar com essa questão de suma importância: quem é Jesus?
Em seu ótimo livro intitulado fundamentos da Teologia Reformada, o Rev. Hermisten Maia diz que muitos têm um “alto” conceito de Jesus: “grande mestre”, “grande revolucionário”, “líder religioso”, “humanitário”, “profeta”, “quase divino”, “cheio de Deus”, etc. Todavia, qualquer juízo a respeito de Cristo que, em primeiro lugar, não reconheça o fato de ele ser Deus encarnado é, na realidade, uma diminuição do seu ser, uma ofensa, uma blasfêmia, não um “elogio”.[1]
È interessante notarmos que as religiões do mundo inteiro não rompem totalmente com Cristo, mas apresenta-O de maneira deformada, mutilada e por fim herética. Então, vamos observar como as falsas religiões apresentam Jesus Cristo e vamos, em primeiro lugar, apresentarmos essa questão em termos negativos, ou seja, quem não é Jesus? E dessa maneira atacarmos frontalmente crenças errôneas á respeito de Cristo.
Em primeiro lugar, Cristo não é uma emanação de Deus como ensinava os gnósticos. A heresia gnóstica foi uma verdadeira chaga maligna no seio da Igreja. Esses hereges ensinavam, entre outras coisas, que havia um abismo entre o Deus santo e o homem. Esse Deus não poderia ter nenhum contato com o homem, pois Deus é essencialmente bom e a matéria é essencialmente má, logo, foi os anjos que criaram a matéria, e não Deus. Pelo fato de Deus ser puro, Ele não poderia se comunicar pessoalmente com o homem. Essa comunicação era feita por uma cadeia interminável de seres intermediários, os “éons”, e o próprio Cristo era um “éon”, ou uma emanação de Deus. Eles criam que as forças espirituais do universo eram repositórios da divindade e que agiam como intermediários entre o Deus altíssimo e o mundo dos homens. [2] Porém, Paulo coloca o machado da verdade na raiz da heresia e afiança que toda a plenitude, a essência divina, reside na Pessoa de Cristo (Cl 2.9). È Nele e não nos intermediários angelicais que a plenitude divina habita na sua totalidade.[3] Cristo não é um entre os muitos mediadores, como se Ele fosse uma mera criatura da Divindade. Ele é o próprio Filho de Deus, e também o cabeça, a fonte, o chefe, e Senhor de todas as hostes angelicais, sejam anjos santos ou decaídos. [4] O termo grego traduzido por “plenitude” é pleroma. Trata-se de um termo técnico do vocabulário dos falsos mestres gnósticos e significava “a soma total dos poderes e atributos divinos”, “a soma total do que Deus é todo o seu ser e seus atributos”. Essa palavra era usada pelos gnósticos, mas não lhe atribuíam o mesmo significado que Paulo. Para eles, o pleroma era a origem de todas as “emanações” por meio das quais os seres humanos poderiam se aproximar de Deus. [5] Para Paulo, Cristo não é um mero “éon”, mas sim o Senhor de tudo. “Ele é o cabeça de todo o principado e potestade” (Cl 2.10).
Em segundo lugar, Cristo não foi o primeiro ser criado como ensina as Testemunhas de Jeová. Essa seita foi fundada por Charles Taze Russel, na década de 1870. Eles têm aparência de cristãos, mas estão longe disso, pois negam doutrinas cardeais da fé cristã como a doutrina da Trindade, a personalidade do Espírito Santo e a divindade de Cristo. Na tentativa de darem credibilidade aos seus ensinos, fizeram uma tradução defeituosa das Sagradas Escrituras, conhecida como Tradução do Novo Mundo (TNM), essa tradução é tendenciosa, pois conscientemente distorce passagens que falam acerca da divindade de Cristo.   
Por causa de um entendimento incorreto de Colossenses 1.15: “Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação”. (grifos do autor), as Testemunhas de Jeová afirmam que Cristo foi o primeiro ser criado. A palavra grega para primogênito é prototokos e nesse contexto sugere que Cristo tem a preeminência, a supremacia, a prioridade. Na Bíblia, o termo “primogênito” nem sempre significa “nascido primeiro”. Deus declarou Davi o primogênito (cf. Sl 89.27), apesar de ele ser o oitavo filho de Jessé ( 1Sm 16.1ss). Cristo não pode ser o primeiro ser criado, uma vez que Ele próprio é o Criador de todas as coisas, como evidência os versículos seguintes:
“Pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste”. (Cl 1.16,17).
“Aqui Paulo faz uma afirmação vital. O universo material e imaterial não são coeternos. Na verdade, somente Deus é eterno. Tanto o universo material como o imaterial foram criados, e criados por Cristo!”. [6] Jesus Cristo é o autor da criação, pois “todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez” (Jo 1.3). “Isto significa que sejam quais forem os seres angelicais, eles só existem porque Jesus Cristo os criou! Eles são totalmente subordinados a Cristo, e não poderiam ser de modo algum superiores a Ele. Contudo, existe mais. È somente por Cristo que “todas as coisas subsistem”. A palavra sunesteken significa “sustentar”. O pensamento de Paulo é que não só Cristo trouxe á existência o mundo visível e o invisível, mas é somente pelo exercício do presente continuo de seu poder que o universo mantém sua forma. Se por um momento Jesus parasse de exercer este poder, o cosmos cairia no caos”.[7] Essa é a grandeza do nosso Senhor Jesus Cristo. Ele não é o primeiro ser criado, mas o Criador do universo. Na revelação profética de Isaías, o nome quádruplo e os atributos do Menino-Messias são: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade e Príncipe da Paz (Is 9.6). A teologia dos hereges não é apenas defeituosa; é diabólica. A prova doutrinária fundamental do cristão professo diz respeito ao seu conceito sobre a Pessoa de Jesus. Se ele é um unitário ou membro de uma seita que nega a divindade de Jesus, não é cristão. Confiança na divindade de Jesus é a única arma contra a qual, nem o erro, nem o mal, nem o poder do mundo podem prevalecer.[8]
Em terceiro lugar, Cristo não se tornou Deus como ensinam os mórmons. Esse grupo sectário foi iniciado por Joseph Smith, em 1830, no norte do Estado de Nova York. O “Jesus” mórmon não teve nascimento virginal e não foi Deus desde o principio, mas que se tornou um deus. Certamente esse não é o Cristo revelado na Palavra de Deus. O testemunho bíblico declara: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus” (Jo 1.1). Observem que o texto afirma que “o Verbo era Deus”, ele (não se tornou) Deus, mas sempre foi e sempre será Deus. Nunca houve um momento em que Jesus não foi Deus. (cf. Is 9.6; Mq 5.2; Jo 1.1; Fp 2.6; Hb 1.8).  Não importa até onde tentemos fazer voltar nossa imaginação, nunca alcançaremos um ponto em que poderemos dizer do Verbo divino, como Ário: “Houve um dia em que ele não era”.[9] Antes do mundo e do tempo Cristo já existia. Ele é pré-existente: “Antes que Abraão existisse, EU SOU” (Jo 8.58; comp. Êx 3.14)[10] Ele é Eterno. Ele é o Pai da Eternidade. Ele não está circunscrito pelo tempo. O Verbo do Deus eterno só pode ser eterno.[11]
Movimentos heréticos como espiritismo, mormonismo, jeovismo e outros “ismos” existentes por aí, lutam desesperadamente para diminuir e menosprezar o Senhorio de Cristo. Eles pensam que podem adorar o Pai e ao mesmo tempo desonrar o Filho. Agindo assim, eles negam tanto o Pai, quanto ao Filho, posicionando-se ao lado do anticristo (1Jo 2.22-23; 5.10-12), permanecendo na morte e debaixo da santa e justa ira de Deus. È impossível ter um relacionamento correto com o Pai negando Seu Filho Jesus Cristo. Entre o Pai e o Filho há uma comunhão especial e uma íntima união. Essa união é tão intrínseca que, quem nega o Filho nega também o Pai ( IJo 2.22,23); aquele que odeia o Filho, também odeia o Pai (Jo 15.23,24); e quem não honra o Filho, não honra o Pai que o enviou (Jo 5.23). Essa íntima e indizível relação capacita Jesus Cristo a dizer: “Quem me vê a mim vê o Pai” (Jo 14.9). O Verbo eterno que estava no princípio com Deus (Jo 1.1,2), veio “das alturas” a fim de tornar Deus conhecido dos homens (Jo 3.31). Cristo tem estado “no seio do Pai” (Jo 1.18), ou seja, na mais intima comunhão com Ele. Num momento especifico da História, o Verbo eterno tornou-se carne (Jo 1.14), e em Cristo a revelação de Deus encontra o seu clímax (Hb 1.1-3). Jesus é a perfeita revelação do Pai (Jo 1.18). Cristo revela Deus para nós, pois ele é “a imagem do Deus invisível” (Cl 1.15), e “a expressão exata do seu Ser” (Hb 1.3). O termo traduzido por “revelou” dá origem a nossa palavra exegese e significa “explicar”, “esclarecer”, “conduzir”. Jesus Cristo explica e interpreta Deus para nós. È simplesmente impossível entender Deus sem Seu Filho, Jesus Cristo. [12] Somente alguém que conhece completamente o Pai pode torná-lo totalmente conhecido. [13] O Pai e o Filho são um de forma tão completa e o Filho manifesta o Pai de modo tão perfeito, que ninguém pode honrar o Pai e ao mesmo tempo rejeitar o Filho. Os adversários de Jesus e os hereges de hoje em dia pensam que podem fazer isto, mas estão totalmente enganados. O Pai e o Filho estão tão unidos que a ira de Deus é a “ira do Cordeiro” (Ap 6.16); “o reino de Cristo é o reino de Deus” (Ef 5.5).
Jesus tinha plena consciência de quem Ele era. Ele afirmava possuir o que pertence unicamente a Deus.    Ele falou dos anjos de Deus (Lc 12.8,9; 15.10) como se fossem seus (Mt 13.41). Ele considerava o reino de Deus (Mt 12.28; 19.14,24; 21.31,43) e os eleitos de Deus (Mc 13.20) como de sua propriedade. Ele também reivindicou para si a autoridade para perdoar pecados (Mc 2.5), o que desencadeou uma acusação de blasfêmia contra ele: “Por que fala ele deste modo? Isto é blasfêmia! Quem pode perdoar pecados, senão um, que é Deus?” (v.7). O exercício de perdoar pecados era uma prerrogativa divina. Jesus também reivindicava poder para julgar o mundo (Mt 25.31) e reinar sobre ele (Mt 24.30; Mc 14.62). Se Jesus não é Deus, Ele perdeu uma ótima oportunidade de corrigir a concepção de seus discípulos. Quando Tomé declarou: “Senhor meu e Deus meu!” (Jo 20.28), ali havia uma ótima oportunidade para corrigir uma concepção errada, se fosse o caso, mas Jesus não fez isso. E por que não fez? Porque Ele tinha consciência de si mesmo, ou seja, era verdadeiramente Deus! Não importa o quão carismático ou bem intencionado um líder religioso seja, se ele nega a divindade de Cristo como revelada nas Escrituras ele deve ser considerado um herege, influenciado pelo espírito do anticristo!
                                                                                                                             Rikison Moura, V.D. M




[1] Hermisten Maia, Fundamentos da Teologia Reformada, (Mundo Cristão) p. 59.
[2] Ralph P. Martin, Colossenses e Filemom, introdução e comentário (Vida Nova), p. 90.
[3] Idem
[4] Hernandes Dias Lopes, Colossenses, (Hagnos), p. 131.
[5] Warren Wiersbe, Comentário Bíblico Expositivo, vol 6, pp. 153, 165.
[6] Lawrence O. Richards, Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento (CPAD) p. 447.
[7] Lawrence O. Richards, op, cit., p.447.
[8] John Stott, I, II, e III João: Introdução e Comentário (Vida Nova) pp. 90, 151.
[9] F. F. Bruce, João: Introdução e Comentário, (Vida Nova) p. 36.
[10] Aqui Jesus claramente afirma ser Javé, ou seja, o Senhor do AT. Confira Dt 32.29. Os judeus entenderam a mensagem, Jesus estava falando como aquEle que falara a Moisés, ou seja, o Deus vivo, Eterno e Poderoso. Eles, portanto, pegaram em pedras para atirarem em Jesus, pois consideraram essas palavras uma blasfêmia, tendo em vista Levítico 24.16.
[11] F. F. Bruce, João: Introdução e Comentário, (Vida Nova) p.181.
[12] Warren Wiersbe, Comentário Bíblico Expositivo vol. 1, p. 369.
[13] F. F. Bruce, João, Introdução e Comentário, (Vida Nova) p. 50.

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