Há uma
profunda inquietação de pessoas clamando por uma nova Reforma. Muitos estão
descontentes da maneira como algumas coisas têm caminhando em nossas
comunidades cristãs. Dentro desse escopo há opiniões diversas, métodos
diferentes e atitudes também. As igrejas tradicionais têm recebido muitas
pessoas vindas de outras denominações, principalmente de denominações
pentecostais e neopentecostais. Um verdadeiro Êxodo tem ocorrido nesses últimos
tempos. Essas pessoas começam a perceber que várias práticas que são defendidas
a ferro e fogo pelos seus líderes não são capazes de passar ilesas de uma
análise bíblica mais acurada. As chamadas “campanhas” se tornaram uma
verdadeira febre em muitos lugares. Os nomes e a bases bíblicas que essas
pessoas utilizam para justificarem essa prática são as mais absurdas. È a campanha portas abertas; derrubando
muralhas; quebrando maldições; campanha dos vasos, etc. Parece não haver
limites para a criatividade humana!. E o que me admira é que algumas pessoas,
eu disse algumas pessoas? Multidões
de pessoas correm desenfreadamente para esses lugares, como se isso fosse o
suprassumo da verdade. Por que esses líderes, especializados em campanhas, não
realizam uma campanha pela santificação do seu povo? Ou uma campanha onde o
foco seja o arrependimento e a confissão de pecados? A resposta para essas
questões é a seguinte: eles não fazem isso porque não dá ibope. Não dá
audiência. Não é popular. Na verdade esses homens inescrupulosos não tratam do
pecado. Abandonaram a doutrina do pecado. Não somente esta, mas várias outras
doutrinas, pois, repito, isso não é popular.
Criaram
um evangelho ao gosto do freguês. Os
bancos têm mandado nos púlpitos. E alguns membros dessas comunidades ao
descobrirem essas verdadeiras anomalias tem tomando algumas destas atitudes:
1. Ficado
quieto, pois o pastor é um homem poderoso e eu temo o que possa acontecer
comigo.
Algumas
comunidades fazem uma verdadeira lavagem cerebral em seus membros. Nesses
lugares os pastores são vistos como semideuses que tem a capacidade de fulminar
meros mortais quando bem entender. Usam e abusam de sua autoridade pastoral. Estão
acima do bem e do mal. São inquestionáveis. Infalíveis. Assemelham-se mais a
papas do que simples pastores. Colocam-se como donos da igreja. São verdadeiros
coronéis com poder de vida e de morte sobre os seus membros. Jargões são
empregados e estórias medonhas são disseminadas a fim de causar terror nas
pessoas. Eles dizem: “Ai daquele que se levanta para questionar um pastor”.
“Cuidado com a mão de Deus; Ele vai pesar a mão contra você”. Isso é ameaça.
Isso é coação e não pastoreio. Um dia ouvi um pastor que estava sendo
questionado acerca de determinadas práticas que ele havia fazendo e para
afugentar os seus críticos, no púlpito ele disparou: “Cuidado quando forem questionar um pastor. Ele é ungido de Deus. Um
dia uma mulher questionou o seu pastor e ao chegar em casa começou a chorar
sangue. Vocês sabem o que foi isso? Foi a mão de Deus pesando sobre ela!”. Não
falo como teórico. Não estou pegando aqui coisas de segunda mão. Não estou
falando daqueles casos em que fulano contou
para sicrano que contou para mim.
Não. De jeito nenhum. Estou falando de coisas que vi, ouvi e vivi.
2. Saindo
abruptamente, sem tentar realizar alguma mudança onde estão.
Vejo
que alguns têm confundido aberrações teológicas com questões secundárias como
forma de batismo, dízimo etc. Não creio que discordar da forma de batismo, por
exemplo, seja uma razão justa para alguém sair de uma igreja e ir para outra.
Alguns ficaram tão mal acostumados que a filosofia de vida deles é a seguinte: se não concordo, saio! Lá naquela igreja
têm dízimo, eu não concordo, saio! Não
concordo com aquela forma de batismo, saio. O som lá é muito ruim. Tem crianças
transitando na hora do culto. Não gostei da cara dos irmãos, saio. Quando
assumimos tal postura nos tornamos verdadeiros macacos inquietos, pulando de
galho em galho, de igreja em igreja, de doutrina em doutrina ad infinitum. Acho que tais pessoas não
querem uma reforma, pois se quisessem lutariam onde estão para tentarem mudar
as coisas. Não basta apenas diagnosticar a doença, é preciso receitar o
remédio. O conselho que eu daria para as pessoas que estão inseridas em
comunidades que praticamente abandonaram as Sagradas Escrituras é que chamem as
suas lideranças para um debate. Não existe remédio novo para velhas doenças.
Volte-se para as Escrituras. Converse com os seus líderes. Conte a eles quais
são as suas inquietações. Quais são as áreas que necessitam urgentemente de
mudanças. Mostre para a sua liderança, com base na Palavra de Deus, que eles
estão agindo de maneira errada. Confronte as práticas de sua denominação com a
Palavra de Deus. Nós não dizemos aos quatro ventos que a Bíblia é a nossa única
regra de fé e prática? Pois bem, vamos praticar aquilo que ela nos ensina!
Quando
Martinho Lutero, no século 16, redescobriu a verdade bendita da justificação
pela fé, e igualmente percebeu o comércio vergonhoso que a igreja católica
fazia em nome de Deus, ele procurou promover mudanças onde ele estava. Ao fixar
as suas famosas Noventa e Cinco Teses
Contra as Indulgências na porta da igreja de Wittenberg o objetivo de
Lutero não era sair da igreja, e sim, chamar os seus líderes para um debate, para
uma reflexão, um confronto de suas práticas com a Palavra de Deus. Ao
rejeitarem a sua proposta, ameaça-lo e excomungá-lo como herege, a situação
tornou-se insustentável e ele teve que sair. Se você quer sair de onde você
está não saia antes de tentar promover alguma mudança. Esse é um caminho
difícil, árduo e espinhoso. Se a sua liderança não aceitar confrontar suas
práticas com a Palavra de Deus, se preferirem seguir no caminho da tolice, e se
as coisas ficarem insustentáveis para você, aí sim, você saia.
PEQUENOS COMEÇOS,
GRANDES VITÓRIAS.
Uma
Reforma, muitas vezes tem um pequeno começo. Às vezes é uma conversa, um sonho,
uma carta, um plano. Quando nós olhamos para as Escrituras nós podemos perceber
que grandes vitórias tiveram um pequeno começo. Por exemplo, nos dias de Neemias,
Jerusalém estava debaixo de escombros já havia noventa anos! Certo dia, Neemias
recebe a visita de Hanani e depois de uma pequena conversa onde ele ouve em que
situação se encontrava Jerusalém, Neemias chora, se lamenta, jejua e ora ao
Deus dos céus. Depois ele vai até o rei Artaxerxes e pede que o envie de volta
a sua terra e ali começava uma grande reforma que desembocaria em grandes
vitórias para o povo de Deus.
Muitos
e muitos fatos na História da Igreja começaram de forma despretensiosa. 1) A
missão no Interior da China, iniciou-se com Hudson Taylor e chegou a ter 800
missionários com 25 mil convertidos. 2) Quem imaginaria que em 1859 um jovem de
apenas 26 anos de idade, por nome de Ashbell Green Simonton, deixaria tudo no
seu país e começaria em nossa pátria a Igreja Presbiteriana do Brasil? 3) No
século 18, em Oxford, Inglaterra, alguns jovens se reuniram para orar por um
avivamento espiritual, ao se dedicarem nessa bendita tarefa Deus enviou um
grande despertamento espiritual que salvou a Inglaterra dos horrores da
revolução francesa. Entre esses jovens estavam John e Charles Wesley e o grande
pregador calvinista George Whitefield. Em resumo, Deus pode muito bem
transformar as coisas pequenas em grandes realizações no Seu Reino. Não
despreze os pequenos começos, pois eles podem ser transformados em grandes
realizações para a glória de Deus!
Rikison
Moura, V. D. M
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