domingo, 4 de maio de 2014

A AMEAÇA DO LEGALISMO


O apóstolo Paulo não era apenas um plantador de igrejas. Além de ser um missionário engajado na expansão do Reino de Deus, Paulo também era um exímio teólogo, um pastor amoroso e um apologista brilhante. Ao escrever a sua carta aos Colossenses, Paulo demonstra de maneira clara essa sua faceta de apologista. Quando Paulo escreveu sua carta aos crentes de Colossos ele estava preso. Mesmo preso, Paulo ficou sabendo do que estava acontecendo na igreja dos Colossenses. Essas notícias foram trazidas por Epafras, que, ao que tudo indica, foi um dos principais fundadores da igreja de Colossos (Cl 1.7). Epafras também ministrou nas cidades de Laodicéia e Hierápolis (Cl 4.12,13). O relatório de Epafras falava acerca do amor dos colossenses por Paulo (Cl 1.3,4), mas, infelizmente, o relatório de Epafras não era somente flores; um grave problema estava ameaçando a igreja. Ela estava sendo exposta a um falso ensino. Falsos mestres se introduziram na comunidade cristã e pervertiam o evangelho ensinado por Paulo e transmitido a eles por Epafras. A heresia de Colossos era um caldo venenoso. Uma mistura maléfica de filosofias orientais, legalismo judaico, astrologia pagã, misticismo e ascetismo. Toda essa confusão era um perigo á saúde da igreja.
Portanto, a carta de Paulo aos Colossenses é uma refutação a esses ensinamentos heréticos e ao mesmo tempo uma apresentação do verdadeiro evangelho. A igreja de Colossos estava sob forte ataque, os ensinamentos apostólicos estavam sendo corrompidos, os falsos mestres ganhavam terreno, diante de tamanho agravo, o veterano apóstolo não fica na defensiva e destila a mais pura apologética!. Seria um erro pensarmos que as heresias que Paulo combateu na igreja de Colossos estejam longe de nós. As heresias são como as ondas do mar, elas vão e voltam, sempre esperando algum desavisado que flerte com ela. Os inimigos da verdade não descansam de destilar o seu veneno mortífero contra a igreja do Senhor. O legalismo ameaçou a verdade do evangelho e a liberdade cristã na igreja dos gálatas e dos colossenses (Gl 2.14 ) e ainda hoje nos ameaça. O legalismo é um dos maiores males que atingem nossas igrejas cristãs. O legalismo concentra a sua atenção no comportamento, ele procura controlar o crente, mediante a observância de regras e regulamentos. Paulo deixa diametralmente claro que o legalismo é “preceitos e doutrinas de homens” (Cl 2.22). Dependendo da denominação esses preceitos aumentam ou diminuem, mas esse exercício de obediência externa nega a supremacia e a suficiência de Cristo, além de roubar a liberdade e a alegria do cristão e não servindo de nada, senão para a satisfação da carne. O legalismo é incapaz de vencer o pecado. O legalista considera que a obediência externa e formal da lei é meritória. Porém, para Deus, toda boa ação humana é considerada como trapos imundos (Is 64.6), uma oferta contaminada pelo egoísmo e autopromoção.
O legalista tenta alcançar o favor divino mediante a ação externa, negando assim a suficiência de Cristo. O legalismo se define pelo visível. Sua motivação, como no caso de toda espécie de hipocrisia, é a de ser visto pelos homens. O legalismo é a religião dos fiscais da fé. Eles andam espionando a liberdade cristã. São escravos de uma infinidade de regras. Olham com desdém para aqueles que não seguem a sua cartilha. Veem como desviados aqueles que não se adequam a seu modo de pensar. São escravos que não experimentaram a liberdade do Evangelho. Perdem de vista toda a glória do Evangelho de Jesus Cristo, pois se preocupam mais com a roupa e regras humanas, fazendo disso o seu grandioso assunto.  O apóstolo Paulo, via o legalismo como um jugo de escravidão: “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão” (Gl 5.1).
Paulo escreveu aos colossenses: “Se estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos carregais ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como não toques, não proves, não manuseies. Essas coisas todas perecem pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas dos homens; as quais têm na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum, se não para a satisfação da carne” (Cl 2.20-23).
O legalismo procura controlar o crente como alguém que vive no mundo (“como se vivêsseis no mundo”). O maior problema é que esses falsos ensinamentos são elaborados segundo os “rudimentos do mundo” e não segundo Cristo (Cl 2.8). A palavra grega para rudimentos é stoicheia e refere-se a um elemento de uma fileira ou série e tem vários significados: (1) os sons ou letras elementares, o abecedário (2) os elementos básicos do universo, como no caso de 2 Pedro 3.10-12; (3) os elementos básicos do conhecimento, os princípios de um sistema, como no caso de Hebreus 5.12. (3) “espíritos caídos que escravizam” (traduzido por “rudimentos” em Gl 4.9). Paulo declara aos gálatas que voltar ao legalismo era como voltar para a adoração pagã (cf. Gl 4.8-11). O apóstolo Pedro também classificou o legalismo como um jugo, uma canga no pescoço: “Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós podemos suportar?” (At 15.10). Pedro está dizendo que aqueles que tentarem somar as obras da lei com a fé em Cristo estarão tentando á Deus, pois, significaria que a morte sacrificial de Cristo não é suficiente para efetuar a salvação (ver Gl 2.21).
Esse jugo pesado chamado legalismo gera temor, arrogância e hipocrisia. Temor, pois, o crente que vive na prática do legalismo, ao quebrar as “regras” sente-se um miserável. “Hoje eu ofendi á Deus, passei duas horas assistindo televisão!”. O legalismo gera arrogância, tornando o individuo um legitimo fariseu (“não danço, não bebo, não fumo”), porém, esquecemos que muitos incrédulos também não praticam tais coisas, mas nem por isso estão mais pertos do reino de Deus. Esse jugo também gera hipocrisia, pois, muitos legalistas, são obedientes as “regras” somente nas reuniões. Fora da igreja ele muda completamente, isso porque não está sendo policiado pelo seu pastor.
Sem dúvida, o legalismo é tipicamente farisaico, e todos aqueles que o seguem, inevitavelmente, receberão a reprovação do Senhor. Cristo já nos pôs em liberdade, somente aqueles que ainda não entenderam essa realidade se submetem outra vez a esse jugo chamado legalismo. O legalismo procura fazer o impossível: mudar a velha natureza e obrigá-la a obedecer às leis de Deus. Porém, o legalista é incapaz de vencer a carne, pois ele é dependente da carne, é escravo da carne e vive somente para si mesmo, buscando desesperadamente o louvor e a aprovação dos homens.

O legalismo é cruel e destruidor. Ele escraviza o individuo com suas normas e infinitas regras. O pecador vem do mundo escravizado pelo pecado e quando chega à igreja buscando alívio para a alma é novamente escravizado pelo legalismo. Quantas pessoas já saíram da Casa de Deus e se decepcionaram com a graça por causa do legalismo? Quantas pessoas não suportaram carregar esse jugo de servidão? Quantas não estão nesse exato momento sofrendo ao carregar esse fardo intolerável?. Mas Cristo lhe chama á liberdade. Ele já lavrou a nossa carta de alforria. Não precisamos mais viver como escravos. Ele nos deu liberdade. Estamos livres!

Texto do irmão Rikison Moura

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