Certa feita, numa conversa
informal com um ex-ministro presbiteriano, eu ouvi dele que era uma falta a
Confissão de fé de Westminster não ter um capítulo falando sobre o Espírito
Santo e que quando tentaram corrigir esta falta, destinaram apenas um apêndice
na Confissão para falar do Santo Espírito de Deus. Na percepção dele, a
Confissão falava pouco do Espírito Santo.
Mas ao ler atentamente a
Confissão, vemos que é injusto dizer que ela fala pouco sobre o Espírito Santo.
Logo em sua abertura, no capítulo que fala da Escritura Sagrada vemos que o
Espírito Santo está de modo inseparável da Palavra. A Escritura é o livro
inspirado pelo Espírito e embora pelo testemunho da igreja possamos ser movidos
e incitados a termos reverência e apreço pela Escritura, “contudo a nossa plena
persuasão e certeza da sua infalível verdade e divina autoridade provém da
operação interna do Espírito Santo que, pela Palavra e com a Palavra, testifica
em nossos corações” (I.V).
O mesmo Espírito que inspirou as
verdades eternas da Palavra nos ilumina a fim de nos fazer compreender as
coisas reveladas nela (I.VI). A maneira pela qual o Espírito fala conosco é
pela da Palavra (I.X)
No Capítulo 2 “De Deus e Da
Santíssima Trindade”, a Confissão honra a revelação bíblica ao afirmar que o
Espírito Santo possui a mesma substância, poder e eternidade do Pai e do Filho
(II.III).
“Dos Eternos Decretos de Deus”
(capítulo 3), vemos a atividade da Trindade Santíssima na salvação dos eleitos.
Deus Pai escolhe e destina os eleitos para a glória e esses eleitos são remidos
por Cristo e chamados eficazmente no tempo devido pelo Espírito Santo (III.VI).
Na Criação vemos de novo a ação
trinitária, pois “Ao princípio aprouve a Deus o Pai, o Filho e o Espírito
Santo, para a manifestação da glória de seu eterno poder, sabedoria e bondade,
criar ou fazer do nada, no espaço de seis dias, e tudo muito bom, o mundo e
tudo o que nele há, quer coisas visíveis quer as invisíveis” (IV. I).
Quando o Verbo de Deus se fez
carne, ele foi concebido no ventre da virgem Maria pelo poder do Espírito Santo
(VIII.II). E o Senhor Jesus, em sua natureza humana unida à divina foi
santificado e sem medida ungido com o Espírito Santo (VIII. III). Ao
oferecer-se em sacrifício a Deus, Cristo o fez pelo Eterno Espírito (VIII. V).
O Senhor Jesus, pelo Seu Espírito
nos persuade a crer e a obedecer para a salvação, governando os nossos corações
pela Palavra e pelo seu Espírito (VIII. VIII). Ao sermos chamados pela livre e
especial graça de Deus, somos vivificados e renovados pelo Espírito Santo que
nos habilita a corresponder a graça de Deus (X.II). A graça da fé, por meio da
qual os eleitos são habilitados a crer para a salvação das suas almas, é obra
que o Espírito Santo faz em nossos corações (XIV. I).
Ao sermos chamados e adotados na
família de Deus somos real e pessoalmente santificados pela virtude da morte e
ressurreição de Cristo, por sua Palavra e por seu Espírito que em nós agora
habita (XIII. I). Esta santificação é imperfeita nesta vida, visto que ainda há
em nós restos da corrupção, por isso nasce uma guerra contínua e
irreconciliável da carne contra o Espírito. Nesta guerra, embora prevaleçam por
algum tempo as corrupções que restam, contudo, pelo contínuo socorro da eficácia
do santificador Espírito de Cristo, a parte regenerada vence, e assim os santos
crescem em graça, aperfeiçoando a sua santidade no temor de Deus (XIV.II,III).
A fé que recebemos não é uma fé
morta, pelo contrário, ela é viva e atuante. As boas obras são o fruto e a
evidência desta fé viva. Porém, a capacidade de fazer boas obras de modo algum
provém dos crentes, mas inteiramente do Espírito de Cristo (XVI.III), que efetivamente
nos influencia para que em nós opere tanto o querer como o realizar (XVI.III).
Ao falar acerca da certeza da
salvação dos filhos de Deus, a Confissão declara: “Esta certeza não é uma
simples persuasão conjectural e provável, fundada numa esperança falha, mas uma
segurança infalível da fé, fundada na divina verdade das promessas de salvação,
na evidência interna daquelas graças nas quais estas promessas são feitas, no
testemunho do Espírito de adoção que testifica com os nossos corações que somos
filhos de Deus, sendo esse Espírito o penhor de nossa herança, e por meio de
quem somos selados para o dia da redenção” (XVIII. II).
O nosso culto deve ser prestado a
Deus o Pai, o Filho e o Espírito Santo, e só a ele. A oração, com ações de
graça, sendo uma parte especial do culto religioso, é por Deus exigida, e para
que seja aceita, deve ser feita em o nome do Filho, pelo auxílio de seu
Espírito, segundo a sua vontade...” (XXI. II, III).
Com estes poucos exemplos, podemos
ver que a Confissão, longe de desonrar ou menosprezar o Espírito Santo, o
exalta de maneira maravilhosa.
Pb. Rikison Moura.
Muito esclarecedor. Essa é a verdadeira doutrina do Espírito Santo. É o que devemos conhecer e não o que, infelizmente, tem sido pregado em algumas igrejas manipulando o Espirito Santo e o colocam como se tivesse a serviço do homem. Bênção pura esse texto. Que seja para o nosso crescimento espiritual.
ResponderExcluirAmém, meu irmão. Que Deus abençoe.
ResponderExcluirMuito bom. Excelente. Parabéns Presb Rikson.
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