O Reformador Martinho Lutero,
era conhecido pela sua ousadia e pelas suas firmes convicções.
Corajosamente, ele desafiou abertamente toda a “Babilônia
infernal” e seu sistema herético, conclamando-os a se voltarem
para Deus e para às Escrituras. Porém, a coragem de Lutero não foi
evidenciada somente no campo da teologia, mas também na vida
familiar.
Aos 41 anos de idade, Lutero
casa-se com uma ex-freira, Katherina Von Bora, 16 anos mais nova do
que ele. Talvez você esteja se perguntando: é necessário coragem e
ousadia para casar-se? Considere a época que Lutero viveu, século
XVI, um tempo marcado pela ignorância e terríveis crendices.
Naquele tempo, as pessoas acreditavam que se um monge e uma freira se
casassem e gerassem um filho, o resultado seria uma abominação, um
monstro de duas cabeças. Mas ali estava Lutero, formando a sua
família. Tendo não apenas um, mas seis filhos.
No início, Lutero dizia que
havia se casado, apenas porque o seu pai o importunava, mas depois,
sua visão foi modificada, ao ponto do próprio Lutero reconhecer:
“Não há
relacionamento, comunhão ou companheirismo mais amável, amigável e
encantador do que um bom casamento”.
Quando a sua filha Madalena
tinha 13 anos de idade, algo doloroso ocorreu na família de Lutero.
A pequena Madalena morre e uma grande tristeza se abate sobre o
experiente teólogo. Diante
de tamanha perda, esse homem de fé sente que deveria reconhecer a
ação de Deus e ser-lhe grato, porém, como pai a dor da perda é
injustificável. “Nem
mesmo a morte de Cristo”
escreve Lutero, “pode
retirar esse pesar como deveria. E o que é a morte de todos em
comparação com a de Cristo?”.
Lutero está dividido. Nesse
conflito de emoções, Lutero escreve ao seu amigo, Justus Jonas, em
busca de consolo, ele convida o seu amigo a participar das dores da
morte de sua própria filha. Ele sabe que é a vontade de Deus, ele
sabe que ela está melhor agora, ele apela ao discurso da fé, mas a
imagem de sua amada filha gravada em seu coração não permite que
ele seja agradecido a Deus agora. Então, Lutero faz um pedido:
“Amigo, agradece a
Deus em nosso lugar”.
Lutero estava chamando o seu
amigo a participar de suas dores, a partilhar de suas cargas.
“Cargas” são fardos muito pesados para serem levados sozinhos. E
a recomendação bíblica é que “levemos as cargas uns dos outros
e assim cumpriremos a lei de Cristo” (Gl 6.2). Isso nos lembra de
que a igreja deve ser uma comunidade terapêutica. A nossa comunhão
em Cristo Jesus deve ser tão estreita a ponto de o que afeta um
afeta todos. O fardo dos nossos irmãos deve pesar também sobre nós.
Devemos nos alegrar com os que se alegram e chorar com os que choram
(Rm 12.15). Que Deus nos ajude.
Rikison Moura, V. D. M
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